A política virou entretenimento e o palhaço não é só o Político! 1w2q5u

Política de Verdade Não Dá Audiência

Por Leandro Jahel 5v245d

Nos últimos tempos, tenho observado com pesar uma transformação silenciosa e perigosa da política brasileira: ela deixou de ser um instrumento para promover o bem comum e ou a funcionar como um palco de entretenimento. Não se trata mais de resolver problemas, dialogar com responsabilidade ou gerar resultados reais. O foco virou o “engajamento”.

A figura do estadista, aquele que pensa a longo prazo, que articula, constrói pontes e toma decisões impopulares quando necessário está desaparecendo. Em seu lugar, surgem os políticos-influencers, mestres das redes sociais, especialistas em polêmicas e viralizações. Para muitos deles, a entrega de cortes para o TikTok virou prioridade, enquanto projetos sérios, silenciosos e transformadores seguem ignorados.

Mas o que mais me preocupa não são esses políticos-espetáculo. A verdadeira pergunta é: quem está dando palco para esse show? A resposta é desconcertante: nós, os eleitores.

A política como espetáculo 4r313b

O filósofo Guy Debord, no clássico A Sociedade do Espetáculo, já antecipava esse cenário. Segundo ele, vivemos numa era em que tudo vira imagem, aparência, representação. A realidade política foi substituída por uma encenação permanente. E nós, como audiência, amos a consumir política como quem assiste a um reality show com torcida, memes e cancelamentos.

A política líquida que Zygmunt Bauman descreveu se materializou: votamos em quem nos diverte, não em quem nos representa com seriedade. O político técnico, honesto e comprometido que talvez não tenha muitos seguidores é descartado porque não rende likes. Sua competência não viraliza.

Vivemos a inversão completa dos valores: quem trabalha em silêncio é invisível; quem grita alto, ainda que vazio, é eleito. É injusto? Sim. Mas é real. E é resultado direto do tipo de democracia que estamos alimentando com nosso comportamento digital e com o voto.

Se quisermos reverter esse quadro, precisamos mudar não apenas os candidatos, mas também o eleitor. Precisamos formar cidadãos que valorizem o conteúdo mais que a estética, que saibam reconhecer resultados práticos e que entendam que a política não é feita de cortes, mas de construção.

Enquanto continuarmos aplaudindo o espetáculo, não adianta reclamar da falta de atores sérios no palco político.

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Leandro Jahel
Leandro Jahel é jornalista e pós-graduado em “coaching com ênfase em carreiras e empreendedorismo”, além de ter completado "The Art of Persuasive Writing and Public Speaking" pela HarvardX. Além disso, apresenta o podcast "Vamos Mudar o Mundo". Casado e pai de duas filhas, Leandro também é pastor e mestrando em teologia sistemática.